Como nos contos de fada, em toda história de amor tem a moça que sonha e espera pelo dia da chegada do seu príncipe; pelo dia do seu casamento; pelo seu “felizes para sempre”. Pois bem, a minha história não é diferente. Esta começou com o encontro de duas pessoas que se apaixonaram, enfrentaram vários conflitos, mas que no final o amor venceu.
Me chamo Camila Mattos, 27 anos, casada a 12 anos com o Maksim, de 31 anos. Temos três filhos: Gabriel de 11 anos, Ana Caroline de 4 anos e a caçula Giovanna com 5 meses. A nossa história gira em torno das superações de um casamento, o amor e a sua plenitude, a fé que nos fez acreditar que tudo foi/é possível, e que um amor verdadeiro não morre apesar das feridas.
Nos conhecemos quando ainda éramos crianças. Na época o Maksim tornou-se meu vizinho, e não fazíamos a ideia de que um dia viveríamos uma história de amor. Nós brincávamos na nossa rua, e ele tinha certa raiva de mim, pois achava que eu era muito chata; eu como uma menina pirracenta implicava com ele em tudo (Já o amava!).
Ao passar dos anos saímos da fase infantil, e chegamos na adolescência. Quando completei 14 anos por óbvio que eu não tinha mais um comportamento acriançado, pois o corpo já tinha mudado bastante, e como ele mesmo falava: "começou a chamar a atenção". Nós conversávamos; trocávamos mensagens; ficarmos mais amigos e nos tornamos confidentes um do outro. Então, houve o despertamento de um sentimento bom a respeito um do outro e a amizade foi se fortalecendo, e logo surgiu um clima diferente entre nós. Começamos a namorar; a ficar horas no telefone e dando sempre um jeito de nos encontramos. Ele sempre saia do serviço na hora do almoço e ia me acompanhar na saída dá escola. Um sentimento tão forte e sincero foi tomando conta de nós e estávamos curtindo aquele momento de namoro, onde os laços de confiança ia se criando dia após dia.
Pouco tempo depois, começaríamos a viver uma fase diferente da nossa vida, e para nós a mais difícil e delicada. Aos 15 anos de idade engravidei do nosso primeiro filho. Eu estava no 1ª ano do ensino médio; o Maksim, com 18 anos, trabalhava. Com a notícia ficamos sem chão, pois foi assustador. Sentimos o mundo se desmoronando sobre nós.
Quando as nossas famílias souberam da notícia foi avassalador. Na mente deles éramos muito jovens e tínhamos ainda muitos projetos. Sabíamos que muitas coisas teriam que mudar por causa daquela criança, a nossa criança. Os meus pais eram separados e, em virtude disso, o desejo da minha família era que eu fosse morar em Belo horizonte/MG com o meu pai, pois ali teria como eu ter um plano de saúde em virtude da sua carreira como servidor público. O Maksim ficou angustiado, sabia que se eu fosse embora acabaríamos por nos afastar definitivamente. E tinha também o nosso filho que estava sendo gerado em meu ventre.
O Maksim conversou com os meus pais, pediu a minha mão em casamento e disse que moraríamos juntos. Com as circunstâncias tão difíceis, o meu sonho de concretizar o nosso casamento estava sendo deixado de lado, pois a partir daquele momento tínhamos outras responsabilidades financeiras. Então, decididos a morar juntos e tendo a noção de que não tínhamos nada, optamos por morar um tempo na casa dos meus sogros, até conseguirmos comprar o essencial de uma casa.
Em meados de agosto de 2005, eu ainda estudava e o Maksim trabalhava. Foi um período delicado e complicado e não tínhamos maturidade para assumir tamanhas responsabilidades, mas que eram necessárias pois tínhamos um bebê a caminho. Com muitas dificuldades fomos mobiliando a nossa casa.
Então nasceu o nosso primeiro filho e tomamos a atitude de alugarmos uma casa e moramos só nós os três, mesmo em meio as dificuldades que enfrentávamos. Com uma criança tão pequena sob a nossa responsabilidade, já não éramos mais aquele casal do início de namoro. Passávamos por diversas cobranças e assumimos imensas responsabilidades. A falta de maturidade nos levou a caminhos árduos e por muitas vezes tomamos decisões precipitadas. Não tínhamos com quem nos aconselhamos e por diversas vezes sofríamos calados.
Por ora tínhamos pequenos momentos de alegria, ou por volta estávamos brigando por coisas banais. Me recordo que por diversas vezes decidimos jogar a toalha e desistir de tudo, mas pela comodidade e o fato de termos um filho, sempre íamos mantendo as aparências.
Ao completar 18 anos, e com o ensino médio concluído, prestei o vestibular e passei. O meu pai ajudou-me com a faculdade. Enquanto casal, nunca tínhamos tempo para nós. O Maksim trabalhava durante todo o dia e a noite eu estava na faculdade. Com essa rotina fomos nos distanciando. O brilho do amor foi se perdendo e fomos tomando caminhos diferentes, cada um no seu mundo. Porém, sempre mantendo as aparências, pois longe de casa éramos de um jeito, mas dentro de casa as brigas e as discussões nos enchiam de mágoas. Muitas vezes dormíamos separados, apenas com as lágrimas e nos questionando porque tudo aquilo estava acontecendo. Não o via como a pessoa pela qual eu tinha me apaixonado. Eu enxergava apenas os seus defeitos e esses sentimentos eram mútuos. Tínhamos a fórmula do fracasso.
Por sermos muitos jovens e imaturos, com muitas responsabilidades nas costas e infelizmente poucos conselhos, não sabíamos viver como um casal: não tínhamos planos, projetos e sonhos. Era cada um com seus projetos vivendo na mesma casa. Os “amigos” não queriam nosso sucesso, pessoas estas nos quais apenas recomendavam o término da nossa relação. Falavam que já não tínhamos esperança, e talvez mais futuramente conheceríamos outra pessoa; que tudo tinha acabado, e que era melhor separar antes que outro filho viesse.
Viver de aparências estava tornando tudo insuportável e comecei a ficar deprimida. Estava no 7° período dá faculdade, e na época além de estudar eu também trabalhava, ou seja, isso significa que mal nos víamos, tampouco almoçávamos juntos, e quando eu chegava dá faculdade ele já estava dormindo. A rotina não permitia que nos falássemos. Encontrávamos em breves momentos, quando esses não eram ocupados por brigas.
Começamos a dar ouvidos aos conselhos dos amigos e a ponderar que realmente a nossa relação não dava para continuar, pois estávamos matando um a outro aos poucos e que em algum determinando momento uma tragédia poderia acontecer. Lembro de ter lhe pedido para separarmos, pois eu não aguentava mais e pedi que ele saísse se casa.
Estávamos debilitados emocionalmente, não tínhamos paz em casa e tudo em nossa vida era motivos de brigas e desavenças. Pouco mais tarde naquele dia, ele perguntou se poderia dormir em nossa casa, pois não tinha para onde ir. Assim eu permiti. Já estávamos separados de corpos e naquele momento finalizando uma relação que começou tão linda e cheia de amor, mas que conseguimos destruir com nossas próprias mãos.
Após algumas horas de discussões e brigas, comecei a passar mal e fui para casa da minha mãe. Naquele mesmo dia contamos tudo que estava acontecendo aos nossos pais, e ali chegava a conclusão de que seria melhor a separação de fato.
No outro dia ele pediu que eu fosse na nossa casa para conversarmos para decidirmos o que faríamos dali pra frente com nosso filho. Lembro de me sentar na cama, começamos a falar e chorar. Estávamos destruídos pelas mágoas. Naquele momento tivemos a conversa mais tranquila e respeitosa que algum dia tivemos. Não houve alteração de vozes ou xingamentos, apenas escutando um ao outro, algo que nunca havia acontecido. Começamos a falar porque chegamos naquele ponto em nossa relação, pois nos amávamos tanto e no início tínhamos vários planos, sonhos e tudo foi destruído. Começamos a enumerar tudo de ruim que tinha acontecido, desde as nossas falhas aos nossos erros, e quais defeitos que cada um tinha e como eles atrapalhavam a nossa relação. Chorávamos tanto. Tínhamos a certeza que exclusivamente a culpa era nossa de termos chegado aquele ponto de destruição do nosso casamento. Sem sentir raiva ou retrucar, estávamos apenas ouvindo as verdades que nunca tínhamos parado para ouvir. Engolimos o nosso orgulho, abaixamos a cabeça e assumimos as nossas falhas.
Ao final da nossa conversa, percebemos que enquanto casal não tínhamos mais solução, estávamos aniquilados. Aquela situação de destruição, mágoas e feridas tão profundas não permitiam mais a confiança e o respeito. A nossa relação tinha sido incinerada.
Pedimos perdão um ao outro, nos abraçamos, sempre chorando muito. A partir daquele momento, não sei como explicar, fui lembrando de alguns momentos bons no qual tínhamos vivido; pequenos momentos, porém capazes de me fazer alegrar em meio as lágrimas. No mesmo instante eu olhei para ele e disse-lhe: “Vamos tentar novamente? ” Ele retrucou, com insegurança: “Como? Acabou! Não tem mais nada! ”
Ele entendia que naquele momento estávamos sendo tomados pelo sentimento mais puro e lindo que existe, capaz de todas as coisas. Comecei a falar do início da nossa história de amor, quando ainda éramos namorados; a nossa relação de confiança e carinhos; os momentos de alegria a dois; os motivos dos quais o fizeram se apaixonar. Bem ali, voltamos ao primeiro amor. Fui tomada por uma alegria e uma vontade inexplicável de tentar novamente, de correr atrás de algo que sempre me fez bem. Comecei a transmitir isso a ele, passando a confiança que naquele momento invadiu o meu ser. Expliquei que poderíamos tentar fazer tudo diferente, abraçar a causa. Como ele mesmo havia dito: “nós tínhamos destruído a nossa relação”, mas poderíamos com muita força de vontade consegui reconstruí-la.
A partir daquele dia assumimos um compromisso. Iríamos fazer tudo diferente; fazer as coisas darem certo. Íamos lutar pelo o que mais queríamos: a nossa união, o nosso relacionamento, a nossa família! Fizemos uma lista de tudo que seria aniquilado das nossas vidas, desde certos comportamentos até indesejáveis amizades. Foi um longo e tenebroso processo.
Após dois meses após desse dia acabei engravidando novamente. Ainda estava muito recente, muito novo. Mas aprendemos a confiar um no outro, finalmente. Mergulhamos de cabeça, nos tornamos melhores amigos, paramos de ouvir os de fora, começamos a trabalhar juntos e a solucionar nossos problemas; nos tornamos gentis um para com o outro; começamos a esquecer a felicidade individual e a fazer o outro feliz. Me tornei a melhor mulher para o meu esposo, e ele o meu príncipe encantado!
Acreditamos em Deus, colocamos a nossa fé em ação que tudo daria certo. Acreditamos no poder do amor, pois ele curaria todas as nossas feridas. Hoje podemos conversar sobre as lutas do passado, sem elas criarem nenhum desconforto, porque os erros do passado foram perdoados e esquecidos. Hoje somos felizes, completos. Não vivemos um longe do outro um se quer momento. Dividimos planos e sonhos. Aprendemos a respeitar, a ouvir e falar.
Depois de toda essa luta, nosso casamento está mais forte, restaurado e firme. Já temos nosso terceiro filho. Estamos felizes, sabendo que estamos no caminho certo. Aprendemos a não limitar o poder do amor, porque este é infinito, pois Deus é amor e pode todas as coisas!
Essa é minha história de amor, de casamento! Espero que gostem!
Atenciosamente,
Camila Mattos Costa & Maksim